Uma notícia sacudiu o mundo do futebol nesta semana: a Seleção Brasileira pode adotar uma camisa vermelha como segundo uniforme na Copa do Mundo de 2026. A possibilidade, revelada pelo site Footy Headlines, quebrou uma tradição de quase 70 anos e gerou debates acalorados. Mas será que a CBF pode realmente implementar essa mudança? O que diz o estatuto da entidade? E como os torcedores estão reagindo? Vamos mergulhar nessa história que mistura esporte, tradição e até política.
A Tradição das Cores da Seleção Brasileira
A Seleção Brasileira é sinônimo de amarelo e azul. Desde 1958, quando o Brasil conquistou seu primeiro Mundial com a camisa amarela, essas cores se tornaram símbolos do futebol-arte. O uniforme reserva, tradicionalmente azul, foi imortalizado por momentos como a final de 1958 contra a Suécia. Verde e branco, também presentes na bandeira nacional, completam a paleta oficial da CBF.
Porém, a história dos uniformes brasileiros nem sempre foi tão rígida. Até 1950, o Brasil jogava de branco. Após a derrota para o Uruguai no Maracanazzo, a CBF decidiu abandonar o branco, associado ao fracasso, e adotou o amarelo. Desde então, as cores da bandeira nacional – amarelo, azul, verde e branco – se tornaram a base dos uniformes. Mas há exceções, e é aí que entra a camisa vermelha.
O Rumor da Camisa Vermelha para 2026
Segundo o Footy Headlines, site especializado em vazamentos de uniformes, o Brasil planeja usar uma camisa vermelha como segundo uniforme na Copa de 2026, que será disputada nos EUA, Canadá e México. A peça seria produzida pela Jordan, marca vinculada à Nike, que já estampou uniformes de clubes como o PSG. O vermelho, uma cor nunca usada oficialmente em competições internacionais, seria uma escolha ousada para modernizar a imagem da Seleção.
A camisa teria um tom vibrante, com detalhes em verde e amarelo para manter a conexão com a bandeira nacional. A CBF e a Nike, parceiras desde 1996, ainda não confirmaram oficialmente a mudança. Mas o rumor já é suficiente para acender o debate: será que o vermelho combina com a história do Brasil?
O que Diz o Estatuto da CBF?
O estatuto da CBF, no artigo 13 do capítulo III, inciso III, estabelece que os uniformes da Seleção devem usar as cores da bandeira da entidade: amarelo, azul, verde e branco. No entanto, há uma brecha: modelos comemorativos em cores diferentes podem ser usados, desde que aprovados pela diretoria da CBF.
Essa exceção já foi aplicada antes. Em 2023, o Brasil usou uma camisa preta em um amistoso contra a Guiné, como parte de uma campanha contra o racismo. Em 2019, a Seleção vestiu branco para celebrar o centenário da primeira Copa América. Mas usar vermelho em um torneio oficial como a Copa do Mundo seria inédito – e exige aprovação formal da CBF.
O Vermelho na História da Seleção
Embora o vermelho seja novidade como uniforme oficial, o Brasil já o usou em momentos específicos. Em 1917, no Sul-Americano (atual Copa América), o Brasil enfrentou Chile e Uruguai de branco, mas perdeu o sorteio de uniformes. Sem opções, a delegação comprou camisas vermelhas em Montevidéu. O resultado? Uma goleada de 4 a 0 sofrida para o Uruguai, mas uma vitória de 5 a 0 contra o Chile.
Em 1936, outro Sul-Americano trouxe o vermelho de volta. Contra o Peru, novamente por conflito de uniformes brancos, o Brasil usou o uniforme do Independiente, da Argentina, que era vermelho. A vitória foi de 3 a 2. Esses episódios mostram que o vermelho, embora raro, já fez parte da história brasileira – mesmo que de forma improvisada.
Por Que o Vermelho Agora?
A escolha do vermelho tem raízes simbólicas e comerciais. Historicamente, a cor remete ao pau-brasil, árvore que deu nome ao país e era usada para tingir tecidos de vermelho. “Brasil” deriva de “brasa”, ligada à tonalidade avermelhada. Assim, o vermelho pode ser visto como uma homenagem às origens do país.
Comercialmente, a Nike e a CBF querem inovar. O vermelho, associado à paixão e energia, é uma aposta para atrair um público jovem e global. A parceria com a Jordan, marca icônica no basquete, reforça essa estratégia. Mas a mudança também levanta questões: será que o vermelho vai desagradar os tradicionalistas?
Reações dos Torcedores e Políticos
A possibilidade da camisa vermelha gerou uma onda de reações. No X, torcedores se dividiram. Alguns apoiam a inovação: “Achei o vermelho vibrante! Pode ser um novo capítulo para a Seleção”, postou um usuário. Outros rejeitam: “Camisa vermelha é um desrespeito à nossa história. O Brasil é amarelo e azul!”, escreveu outro.
A polêmica ganhou contornos políticos. O vermelho, associado ao PT (Partido dos Trabalhadores), foi criticado por bolsonaristas. “O PT conseguiu mudar até a camisa da Seleção, inacreditável”, disse um parlamentar aliado de Jair Bolsonaro. Já outros, como a usuária @julianazonatom no X, defenderam: “A camisa vermelha homenageia as raízes indígenas, não tem nada a ver com política.”
Galvão Bueno, narrador histórico, também se manifestou: “É uma ofensa ao futebol brasileiro. A Amarelinha é um símbolo intocável.” A polarização mostra como o futebol, no Brasil, muitas vezes se mistura com política.
O Contexto Atual da Seleção
A discussão sobre a camisa vermelha acontece em um momento de transição para a Seleção. Após a saída de Dorival Júnior, a CBF anunciou Carlo Ancelotti como novo técnico em 28 de abril de 2025. O Brasil está em 4º lugar nas Eliminatórias, com 21 pontos, e precisa de vitórias contra Equador e Paraguai, em junho, para garantir vaga na Copa de 2026.
A camisa vermelha, se confirmada, será lançada em março de 2026. Mas a CBF ainda não se pronunciou oficialmente. Fontes indicam que o presidente Ednaldo Rodrigues aprovou o modelo há cerca de um ano, mas há resistência interna: alguns diretores preferiam que o vermelho fosse um terceiro uniforme, mantendo o azul como reserva.
Curiosidades sobre os Uniformes do Brasil
Você sabia que o Brasil já usou o uniforme do Boca Juniors? Em 1937, no Sul-Americano, o Brasil pegou emprestado o uniforme azul e amarelo do clube argentino para enfrentar o Chile, vencendo por 6 a 4. Outro caso curioso foi em 1919, quando a Seleção vestiu o uniforme do Peñarol, do Uruguai, para homenagear o goleiro Roberto Chery, que faleceu após o torneio.
A primeira vez que o Brasil usou azul foi em 1938, contra a Polônia, na Copa do Mundo. O jogo terminou 6 a 5 para o Brasil, com três gols de Leônidas da Silva – até hoje, a partida com mais gols da Seleção em Mundiais. Esses episódios mostram que o Brasil já experimentou diversas cores, mas nunca de forma oficial como agora.
Impacto Comercial e Cultural
A Nike espera que a camisa vermelha seja um sucesso de vendas. A marca Jordan, com sua estética moderna, já conquistou fãs em colaborações com o PSG. No Brasil, a expectativa é que o uniforme atraia a geração mais jovem, menos apegada às tradições. Mas o risco de rejeição é alto, especialmente entre torcedores mais velhos.
Culturalmente, a camisa vermelha pode aprofundar a polarização. A amarelinha, nos últimos anos, foi associada a movimentos de direita, especialmente durante protestos pró-Bolsonaro. Agora, o vermelho, ligado à esquerda, pode reacender essa divisão. A Seleção, que deveria unir o país, corre o risco de se tornar mais um campo de batalha política.
O Futuro da Camisa Vermelha
Se a camisa vermelha for confirmada, sua estreia deve acontecer em amistosos antes da Copa de 2026. Ancelotti, que assume o comando em junho, terá a missão de liderar a equipe nessa nova fase visual e esportiva. A CBF pode optar por usar o vermelho apenas em jogos específicos, mantendo o azul para partidas mais tradicionais.
A decisão final dependerá da diretoria da CBF. Se a rejeição for grande, a entidade pode recuar e manter o vermelho como um uniforme comemorativo. Enquanto isso, a discussão continua: inovação ou desrespeito à tradição?