A Covid-19 está de volta, e com ela, medidas que lembram os primeiros anos da pandemia. Em 27 de abril de 2025, o governo federal brasileiro publicou um decreto que torna obrigatório o uso de máscaras em espaços públicos fechados. Hospitais lotados, aumento de casos e uma nova variante estão por trás dessa decisão. Mas o que está acontecendo? Estamos diante de uma nova onda? E como isso afeta nossa vida? Vamos explorar o retorno da Covid e o que significa o uso de máscaras novamente.
O Ressurgimento da Covid-19
A pandemia de Covid-19, que começou em 2020, parecia estar sob controle no Brasil até o início de 2025. A vacinação em massa e a flexibilização de medidas reduziram os casos graves. No entanto, dados recentes mostram um aumento alarmante. Segundo o Ministério da Saúde, entre março e abril de 2025, os casos confirmados subiram 45%, e as internações cresceram 30%. Só na última semana de abril, 12 mil novos casos foram registrados diariamente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a circulação de uma nova variante, batizada de Ômicron XE-25, identificada primeiro na África do Sul. Essa variante é 20% mais transmissível que suas antecessoras e tem mostrado resistência parcial às vacinas atuais. Será que estamos preparados para mais um capítulo dessa crise?
A Nova Variante e Seus Riscos
A Ômicron XE-25 preocupa cientistas. Estudos preliminares indicam que ela combina mutações das subvariantes BA.2 e BA.4, o que a torna altamente contagiosa. Embora os sintomas sejam semelhantes aos de variantes anteriores – febre, tosse, fadiga e perda de olfato –, a XE-25 tem causado mais casos de pneumonia em idosos e não vacinados. Dados do Instituto Butantan mostram que 15% dos infectados acima de 60 anos precisaram de internação.
A vacinação ainda reduz o risco de casos graves, mas a proteção contra infecção caiu para 60% com as doses atuais. O Ministério da Saúde já negocia com a Pfizer e a Moderna para uma nova vacina adaptada, que deve chegar em julho de 2025. Enquanto isso, a OMS recomenda reforçar medidas preventivas, como o uso de máscaras.
O Decreto do Uso de Máscaras
O decreto publicado em 27 de abril de 2025 determina o uso obrigatório de máscaras em espaços públicos fechados, como transporte coletivo, escolas, escritórios, shoppings e hospitais. A medida vale para todo o território nacional e tem validade inicial de 90 dias, podendo ser prorrogada. Máscaras cirúrgicas ou do tipo PFF2 são recomendadas, e o descumprimento pode resultar em multas de R$ 100 a R$ 1.000, dependendo do estado.
O decreto também incentiva o uso em espaços abertos com aglomeração, como shows e estádios, mas isso fica a critério dos governos locais. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já aderiram à obrigatoriedade em locais abertos, enquanto o Distrito Federal optou por manter como recomendação. Você já voltou a usar máscara?
Por Que o Retorno das Máscaras?
A decisão do governo foi baseada em dados preocupantes. Além do aumento de casos, a taxa de ocupação de leitos de UTI ultrapassou 80% em 12 estados. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas relatou um aumento de 50% nas internações por Covid em apenas duas semanas. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que as máscaras são uma “medida preventiva essencial” para conter a transmissão.
Outro fator é a baixa adesão à dose de reforço. Apenas 55% dos brasileiros tomaram a terceira dose, e menos de 30% receberam a quarta, recomendada para maiores de 40 anos. A vacinação infantil também está abaixo da meta: só 62% das crianças de 5 a 11 anos estão imunizadas. Sem imunidade coletiva suficiente, o vírus encontra terreno fértil para se espalhar.
Impactos na Vida Cotidiana
O retorno das máscaras traz lembranças de 2020 e 2021, quando o Brasil enfrentou o pico da pandemia. Escolas e empresas já se adaptam às novas regras. Em São Paulo, a Secretaria de Educação distribuiu 2 milhões de máscaras para alunos e professores. Grandes empresas, como Itaú e Vale, voltaram a exigir máscaras em seus escritórios e reforçaram o home office.
No transporte público, a adesão é visível, mas há resistência. Passageiros entrevistados em terminais de ônibus no Rio relataram incômodo: “Já achei que isso tinha acabado”, disse uma comerciante de 45 anos. Outros apoiam: “É chato, mas necessário”, afirmou um estudante. As multas começaram a ser aplicadas em 28 de abril, com 150 autuações só na capital paulista no primeiro dia.
Reações e Críticas
A medida dividiu opiniões. No X, o termo “máscaras obrigatórias” foi um dos mais comentados no Brasil em 27 de abril. Alguns usuários celebram a decisão, destacando a importância de proteger os vulneráveis. “Minha mãe é idosa e não tomou a quarta dose. Máscaras salvam vidas”, postou uma internauta. Outros criticam: “O governo só quer controle. Cadê a liberdade?”, escreveu um usuário.
Especialistas também divergem. A infectologista Nancy Bellei, da Unifesp, defende a obrigatoriedade, citando o risco da nova variante. Já o epidemiologista Pedro Hallal, da UFPel, acha a medida tardia: “O governo deveria ter agido em março, quando os casos começaram a subir.” Políticos de oposição, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), chamaram o decreto de “exagero” e pediram foco na vacinação.
O que a Ciência Diz Sobre Máscaras?
Estudos comprovam que máscaras reduzem a transmissão da Covid. Um artigo publicado no The Lancet em 2024 mostrou que o uso de máscaras PFF2 diminui em 83% o risco de infecção em ambientes fechados. Máscaras cirúrgicas oferecem 66% de proteção, enquanto as de pano têm eficácia de apenas 44%. A OMS recomenda o uso contínuo em locais de alto risco, como hospitais e transporte público.
A nova variante XE-25 é mais transmissível pelo ar, o que torna as máscaras ainda mais cruciais. “A XE-25 se espalha em partículas menores, que podem ficar suspensas por mais tempo”, explica a virologista Natalia Pasternak. Ela recomenda combinar máscaras com ventilação adequada e distanciamento sempre que possível.
Curiosidades sobre o Retorno da Covid
Você sabia que a Ômicron XE-25 foi detectada primeiro em um festival de música na África do Sul? O evento, em fevereiro de 2025, reuniu 50 mil pessoas e gerou um surto que se espalhou para 12 países em um mês. Outra curiosidade: o Brasil enfrenta agora sua sétima onda de Covid, a mais intensa desde 2022, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
A produção de máscaras também voltou a crescer. Empresas brasileiras, como a KSN Máscaras, relatam aumento de 200% na demanda desde março. Máscaras estampadas com temas de futebol e personagens infantis estão em alta, mostrando que até na pandemia há espaço para criatividade.
O Futuro: O que Esperar?
O governo planeja intensificar a campanha de vacinação. A partir de maio, doses de reforço estarão disponíveis para todos acima de 18 anos, e a vacina adaptada à XE-25 deve chegar em julho. Testes rápidos voltarão a ser distribuídos gratuitamente em postos de saúde. O Ministério da Saúde também estuda retomar o lockdown em cidades com mais de 90% de ocupação de UTIs.
Enquanto isso, especialistas pedem conscientização. “A Covid não acabou. Precisamos de responsabilidade coletiva”, alerta Pasternak. O uso de máscaras, embora incômodo para alguns, pode ser a diferença entre uma nova crise e um controle eficaz.